Esta casa azul, nº 221 era onde eu morava. Está diferente, antes não tinha laje, era de telhas.
Finalmente, falarei da Rua do Céu, a rua da minha infância, ou melhor, a rua na qual eu passei
bons tempos da minha infância. Não vou dizer que foi uma infância feliz, mas também não posso
dizer que foi infeliz. A rua do Céu foi o recanto da minha vida de criança.
Me lembro de um acontecido na rua do Céu, que para contar tenho que falar um pouco da minha
família. Sou a sétima filha de uma prole de oito filhos, mas tenho três meio irmãos que os amo
muito igual aos outros. São filhos de meu pai com minha madrasta.
Meu pai foi um homem muito rígido na educação dos filhos e mantinha a gente em "rédeas curtas",
com isso, não tínhamos muita liberdade para brincar. Com todo o rigor, ele só queria o melhor para
seus filhos, por isso, casou-se novamente quando ficou viúvo com oito filhos ainda crianças, pois,
minha irmã mais velha tinha apenas doze anos quando minha mãe faleceu.
Como disse, meu pai era muito rígido e não deixava que saíssemos para brincar na rua. Quando tí-
nhamos oportunidade, eu e meus irmãos saíamos para brincar com outras crianças vizinhas, de pi-
cula, barra-manteiga, estátua, de roda(com as meninas), sem ele estar em casa. Ficávamos atentos
para quando ele apontasse no início da rua, com os faróis acesos do carro, corríamos mais que
depressa para dentro de casa. Uns pulavam até o muro para serem mais rápidos.
Numa noite dessas, repetimos tal façanha, porém, meu pai chegou e nos pegou no flagra. Meu pai
chegou de faróis desligados e sorrateiramente entrou em casa e não percebemos. Alguém nos
avisou, no momento não me lembro ao certo quem foi, mas sei bem o que nos aconteceu naquela
noite.
Meu pai trancou a porta de casa e não nos deixou entrar. Ficamos na varanda de casa. Ele ameaçou
de nos deixar dormir na rua. Me lembro que eu chorei muito, meus três irmãos maiores estavam
tranquilos, mas meu irmão caçula chorava muito mais do que eu e engraçado. Meus irmãos riam ao
vê-lo chorar, pois ele chorava que nem personagem de revistas em quadrinho. Seu choro era mais
ou menos assim:"Buááááááá!!!!" Eu não chorava tanto quanto ele, mas fiquei bastante assustada só
em pensar que meu pai poderia nos deixar alí, do lado de fora e à noite. Mas graças a Deus, termi-
nou tudo bem, quer dizer, bem não, naquela noite todos nós fomos dormir depois de umas boas
palmadas com palmatória por termos desobedecido ao meu pai. Isso nunca mais se repetiu.
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6 comentários:
Hahahahaha... já diz o ditado: "enquanto vcs iam com a farinha, seu pai já voltava com o bolo" :P
Me lembro desse episódio, foi realmente engracado. Comigo, que na época era adolescente, acontecia que quando estava no muro conversando com alguma amiga, geralmente Jerusa, e via um farol aceso, que muitas vezes nao era do carto dele, me abaixava e corria para dentro de casa. Era um sufoco. Rsrs
Eu morei perto daí. Não conheci a Rua do Céu como vc descreveu,não dá
pra dizer nada sobre antes. Tenho conhecidos, amigas de minha mãe que moram lá. A rua do Céu está legal.
Não conhecia muito o bairro da Liberdade. Muito interessante seu blog.
Lidiane : Conheço a rua do céu de passagem, só não sabia que lá tinha historias comno essa. Muito interessante esse blog.
Que legal esse blog! A internet se tornou principal fonte de pesquisa, entretanto ainda carece de informações sobre ruas e bairros que não figuram os folhetos turísticos. As ruas que guardam a memória de sua população, nas quais se viveram histórias felizes e tristes, que formam também parte da cultura nacional, ficariam esquecidas sem iniciativas como essa. Parabéns!
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